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Notícia - prepara redução na meta fiscal, mas tenta contentar Levy

Governo 

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A presidente Dilma afirmou a assessores que pode reduzir a meta de superavit primário (receitas menos despesas) do ano que vem, fixada pelo governo em 0,7% do PIB, para evitar cortes no programa Bolsa Família.
A informação desagradou à equipe do Ministério da Fazenda –que é contra a redução– e contribuiu para reforçar entre assessores do ministro Joaquim Levy a percepção de que ele pode deixar o governo no curto prazo.

O ministro evitou retomar ameaças de entregar o cargo se a meta for reduzida, mas afirmou a interlocutores que, seguindo recomendações de amigos, decidiu ser "discreto e elegante".
Em sua equipe, no entanto, alguns assessores já buscam opções no mercado para o caso de saída do chefe.
Nesta reta de final de ano, a avaliação de assessores é que o ministro da Fazenda não veja sentido em continuar, diante do que considera resistência do governo em agir em a favor de um programa de ajuste fiscal.

A meta original do governo, defendida por Levy como essencial, é que o setor público economize 0,7% do PIB, equivalente a R$ 43,8 bilhões.

O líder do governo na Comissão de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), porém, afirmou que irá apresentar uma emenda à LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para reduzir a meta de superavit fiscal de 2016.

A LDO define qual deve ser a economia nas contas públicas em porcentual dos PIB e faz algumas projeções sobre receitas e gastos do governo.
Com base nisso, o Orçamento estabelece a arrecadação e os gastos para o ano.
Na sexta (11), o relator do Orçamento de 2016 no Congresso, deputado Ricardo Barros (PP-PR), havia oficializado a proposta de incluir no seu parecer o corte de R$ 10 bilhões do Bolsa Família.

Para evitar esse corte, Pimenta defende que os R$ 34,4 bilhões que a União deveria economizar para cumprir meta de 0,7% do PIB sejam reduzidos para R$ 24,4 bilhões.

O Palácio do Planalto espera aprovar a LDO do ano que vem, na qual deve constar o percentual da meta fiscal de 2016, nesta terça.

2,2
-2,1
0
2,5
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
2016
2,2
2007

1,1% do PIB era a meta de superavit primário no começo de 2015, convertida em deficit devido à queda na arrecadação e à inclusão das pedaladas fiscais de 2014

*Excluindo manobra contábil com a capitalização da Petrobras


DESCONTO DO PAC

De acordo com Pimenta, sua emenda definirá que parte do orçamento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) seja abatida do valor final Da meta fiscal, o que, na prática, permite sua redução. Segundo o petista, isso já é feito pelo governo "há muito tempo" E preservará os investimentos do programa.
"Estamos propondo mais recursos para o PAC até para garantir que não haja o corte no Bolsa Família", disse.

Segundo Pimenta, o governo ainda definirá qual será o número exato para a meta, a ser apresentado por meio de emenda à LDO.
José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, afirmou que "o governo não vai deixar de jeito nenhum o Bolsa Família ser cortado".
PALAVRA FINAL

Dois ministros disseram ontem à Folha que a presidente tende a reduzir a meta, mas uma decisão final será tomada nesta terça (15) em reunião da Junta Orçamentária, com Jaques Wagner (Casa Civil), Levy e Nelson Barbosa (Planejamento).

Assessores disseram que, para evitar uma crise com o ministro da Fazenda, a presidente ainda pode discutir novos cortes no Orçamento ou aumento de receita, para tentar evitar um corte na meta.

Um assessor disse que a presidente, neste momento, não quer gerar uma situação que leve seu ministro da Fazenda a deixar o governo.
Colaborou MARIANA HAUBERT, de Brasília
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CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS

Entenda o que levou o país ao deficit primário e por que ele é ruim

Causas

1. Os gastos do governo superaram a arrecadação, em queda devido à crise econômica

2. As pedaladas fiscais de 2014 precisaram ser contabilizadas neste ano, aumentando o rombo nas contas do governo. O deficit deve chegar a R$ 120 bilhões

3. As medidas de ajuste fiscal do governo demoraram a ser aprovadas no Congresso, adiando o corte de gastos

Consequências

1. A dívida pública cresce quando os gastos do governo são maiores do que o valor que ele consegue arrecadar

2. A dívida crescente reduz a nota de crédito do país e, com isso, os juros cobrados por credores, agravando a recessão; o dólar tende a subir

3. A dificuldade em reduzir o gasto público impulsiona a inflação, que ultrapassou os 10% em 12 meses até novembro; o dólar em alta eleva preços

4. Para fechar as contas, o governo precisa aumentar impostos ou cortar gastos, o que pode resultar em mais desemprego 

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