Suposto serial killer afirma à polícia que sofreu abuso sexual na infância
Vigilante disse ainda que foi vítima de bullying e teve 'desilusões amorosas'.
De acordo com delegados, ele confessou ter matado 39 pessoas na capital.
Tiago afirmou que sofreu abuso quando era criança
Oito delegados integrantes da força-tarefa que investiga morte de mulheres, em Goiânia, colheram depoimentos do vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, de 26 anos, apontado como autor de 39 homicídios na capital. As oitivas, que duraram mais de sete horas, começaram na tarde de quinta-feira (16) e terminaram no início desta madrugada. Além de confessar os crimes e dizer que agia após o consumo de bebidas alcoólicas, o suspeito também alegou que foi abusado sexualmente por um vizinho quanto tinha 11 anos, o que o teria deixado "traumatizado".
Os depoimentos ocorreram na Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), onde o vigilante está preso desde terça-feira (14). Além do suposto abuso, Tiago afirmou aos delegados que sofreu bullying na escola, foi vítima de várias traições e desilusões amorosas. Segundo ele, isso o teria feito sentir uma "raiva da sociedade". Para extravasar esse sentimento, ele começou a matar. "Ele ficava angustiado, procurando uma forma de resolver o problema e descobriu que matando ele se sentia melhor", disse ao G1 o delegado Mauricio Massanobo Kai.
Outra informação que chamou a atenção em todos os depoimentos, segundo a polícia, foi um comportamento curioso e recorrente do suspeito sempre depois de cada crime. Tiago fazia questão de assistir ao noticiário para certificar-se da morte e saber qual o nome da vítima.
A aversão por mulheres também marcou os depoimentos do suspeito. "Ele trava quando tem uma mulher na sala. É preciso que um agente homem converse com ele para que ele colabore e continue dando as informações", afirmou a delegada Silvana Nunes. Durante o depoimento ao delegado Alécio Moreira, a escrivã dele teve que sair do local para que o interrogatório continuasse. "Ele simplesmente parou de falar, olhou para ela e disse: 'tem gente demais aqui'", afirmou o delegado.
Depoimentos
O primeiro a ouvir Tiago foi o delegado Vinicius Ney Barbosa. Ele é responsável pelo caso da morte de Carla Barbosa de Araújo, de 15 anos, no dia 23 de maio. "Ele disse que foi abusado por um vizinho e afirmou que não se lembra muito bem dos detalhes. Para ele é como se não tivesse importância", afirmou.
Quando foi questionado pelo delegado Thiago Damasceno, o vigilante também afirmou ter matado as jovens Ana Maria Victor Duarte, de 26 anos, no dia 14 de março. Ele também salientou que sofreu abuso na infância.
Delegada Silvana Nunes disse que suspeito pediu
livros de romances para ler
Em seguida, a delegada Tatiana Barbosa, responsável pela investigação do homicídio de Wanessa Oliveira Felipe, de 22 anos, no dia 23 de abril, colheu os depoimentos dele. Ela também investiga outra morte, de uma garota de 15 anos, em dezembro de 2013. Nos dois casos, ele confessou ter cometido o crime. "Tem alguns momentos que ele não se lembra do nome da vítima e pede para ver a foto dela", salientou.
Morador de rua
O quarto delegado a ouvir as declarações foi Maurício Massanobo Kai. Segundo ele, Tiago confessou não só a morte de Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, no dia 18 de janeiro, mas também de dois moradores de rua, um em dezembro de 2012 e outro em fevereiro de 2013. "Ele disse que começou a matar moradores de rua de forma aleatória. Mas depois começou a assassinar mulheres por causa dessa raiva que sentia por ter sido abandonado e traído", pontuou.
O delegado afirmou ainda que o vigilante respondeu a todas as perguntas de forma calma. "Ele é muito tranquilo e não altera o padrão de voz. A forma do rosto dele, sem expressão, é típica dos psicopatas", analisou.
Ao delegado Alécio Moreira Júnior, Tiago confirmou que matou, no mesmo dia, as garotas Thamara da Conceição Silva, de 17 anos, e Thaynara da Cruz, de 13. Os dois crimes ocorreram no dia 15 de junho.
"Ele disse que estava em casa bebendo uísque e, movido pela raiva, saiu para matar uma pessoa. Depois que matou a Thamara, ele afirmou que estava indo embora, mas viu a Thaynara na praça e não conteve o ímpeto de cometer o crime", explicou. No outro dia, como de praxe, assistiu ao noticiário para saber sobre os crimes.
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