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Foto: Arquivo Pessoal
Por Cristiane Capuchinho
Aos 47 anos, Maria Luísa Jimenez Jimenez dedica sua vida a entender o lugar do corpo gordo feminino na sociedade e a combater o preconceito contra pessoas pesadas.
Doutoranda na UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) e idealizadora do projeto ‘Lute como uma Gorda’, esta paulistana tem nos últimos anos colhido depoimentos de mulheres pesadas sobre suas vivências cotidianas da gordofobia.
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“A pressão estética todo mundo sofre, mas a gordofobia desumaniza a pessoa. A pessoa perde o direito de sentar em um lugar confortável, ela perde o direito de ser bem tratada dentro de um consultório médico, ela perde o direito a comprar uma roupa confortável e bonita”, resume.
A gordofobia é o termo usado para o preconceito institucionalizado contra pessoas gordas que aparece de diferentes maneiras em diversos momentos. Por exemplo, na definição de que para ser bonito é preciso ser magro, de que para ser feliz é preciso ser magro ou no uso de gordo com conotação pejorativa, como xingamento.
“Quando a gente nasce, sua mãe está amamentando você e pensando em como é que ela vai voltar ao corpo dela. Isso é gordofobia. O leite da sua mãe, da minha mãe, já veio carregado de gordofobia, de preocupação com a magreza”, enfatiza.
Maria Luísa, que também é uma mulher gorda, conta que a descoberta do ativismo salvou sua vida quando estava prestes a fazer uma bariátrica que não queria sem qualquer doença diagnosticada, apenas por pressão médica ou, como ela diz, “terror psicológico”.
Hoje, a pesquisadora e professora de filosofia faz rodas de conversa em bares de Cuiabá, universidades e empresas para falar sobre o tema, onde distribui cartilhas para tentar alcançar o máximo de pessoas.

Leia os principais trechos desta conversa:

Foto: Arquivo Pessoal
“Sempre fui uma pessoa gorda, desde criança. E eu não sabia o nome, mas sempre prestei muita atenção neste incômodo das pessoas com a gordura, tanto com estar gorda como com o peso dos outros.
A palavra gorda é usada de maneira pejorativa, é usada como xingamento. No trânsito, a pessoa grita “sai da frente, gorda” ou em uma discussão, alguém diz “cala a boca, sua gorda”. O que significa por ser gorda, não tenho saúde, não tenho direito à opinião, não sei dirigir.
Dou aula em uma escola de ensino médio. Um dia desses disse que sou gorda. Meus alunos disseram “não, a senhora não é gorda, a senhora é superlegal”. Quer dizer que [para eles] não é o meu corpo que diz que sou gorda. Como temos uma relação de carinho, eles não me veem como gorda, como se ser gorda fosse algo ruim.
Já a palavra magra é usada como uma qualidade, como um elogio. “Olha como ela está magra”. A gente vive em uma sociedade lipofóbica porque se associou o corpo magro ao belo, ao saudável e ao feliz. O corpo gordo não é [entendido como] feliz, o corpo gordo não é saudável, e muito menos belo.
O ativismo gordo reivindica o uso da palavra gordo para definir o nosso corpo, e livrar a palavra da conotação negativa

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